o impacto da
pandemia
nas OSC de Campinas.

Neste momento de crise, a Fundação FEAC reitera seu compromisso com a promoção humana, a assistência e o bem-estar social com foco na população em situação de vulnerabilidade social em Campinas/SP.

Estamos acompanhando atentamente os desdobramentos da crise, o posicionamento do poder público e as medidas anunciadas nas diversas esferas para entender a extensão e impacto nas Organizações da Sociedade Civil (OSC) e, principalmente, nas populações em situação de vulnerabilidade social.
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Neste sentido, a presente pesquisa tem como foco levantar junto às OSC do município de Campinas, parceiras da Fundação FEAC, os impactos gerados pela pandemia na oferta dos serviços, atendimentos e ações junto ao seu público e comunidade no qual está inserida, na sustentabilidade financeira destas OSC durante e pós-pandemia, além das expectativas futuras pós pandemia para a continuidade das ações da OSC, a partir das novas demandas apresentadas pela população.
Para a coleta de informações foi utilizado um questionário, encaminhado via online entre os dias 16 e 19 de junho de 2020 para presidentes e gestores das OSC, com perguntas abertas e fechadas em sua maioria de múltipla escolha, com os seguintes assuntos:

BLOCO 1
Identificação OSC

BLOCO 2
Atuação das OSC durante a pandemia

BLOCO 3
Sustentabilidade econômica

BLOCO 4
Perspectivas pós pandemia

Do total de 71 OSC parcerias da Fundação FEAC, ao qual foi enviado o questionário,
tivemos um retorno de 66 respondentes.

perfil das osc respondentes


As OSC que responderam à pesquisa têm sua atuação nas seguintes políticas públicas: aproximadamente 59% delas na política de assistência social, 15% na política de educação infantil, 3% na política de saúde, e 23% atuam em mais de uma política, conforme demonstra o gráfico abaixo:
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O município de Campinas se divide em cinco macrorregiões1 (Leste, Sul, Norte, Noroeste e Sudoeste) e as OSC respondentes têm suas unidades de atendimento distribuídas entre elas, inclusive com atuação em mais de uma região, quando há mais de uma unidade de atendimento, que é o caso de 14% das OSC respondentes.
Macrorregião¹ : divisão a partir da política de assistência social do município de Campinas.
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A região Sul agrega o maior número de OSC, com 30%, em seguida a Norte com 27% e a região Leste com 18%. As regiões Noroeste e Sudoeste têm o menor número de OSC atuando, 4 e 7% respectivamente, ainda que nessas regiões temos o maior número de áreas vulneráveis de Campinas.

Impacto da Pandemia nas ações/atendimentos da OSC

As populações que vivem em territórios de vulnerabilidade social são as mais impactadas pela pandemia, seja por novas demandas surgidas como o alto índice de desemprego, por exemplo, ou o agravamento de situações de violações de direitos já existentes, devido ao isolamento social. E as Organizações da Sociedade Civil são, na maioria destes territórios onde o poder público não chega, a única forma de acesso a políticas públicas e direitos dessa população.

Com a necessidade de medidas de isolamento social durante a pandemia e, consequente alteração dos atendimentos da OSC, a pesquisa traz uma abordagem sobre as formas de adequação que foram necessárias para não deixar essa população totalmente desassistida.

Funcionamento das OSC
durante pandemia

Sobre o funcionamento das OSC, 61% delas apontam atendimentos e contatos parciais e pontuais com seu público, 21% apenas com atendimentos remotos e apenas 6% apontam que as OSC não estão prestando nenhum tipo de atendimento.
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Trabalho em rede

Em um cenário em que as ações precisam se complementar para ter maior eficácia e atingir o maior número de pessoas, o trabalho em rede que tem como objetivo agregar os diversos equipamentos sociais públicos ou privados para uma ação comum nos territórios é essencial.
Para

71%
das OSC respondentes, esse trabalho em rede acontece em seus territórios.

atividades desenvolvidas nas
osc durante a pandemia

Sobre as ações que as OSC estão conseguindo realizar nesse momento de pandemia, 77% delas estão distribuindo alimentos e outros produtos de higiene e limpeza para toda a comunidade na qual estão inseridas, independente da família ser atendida ou não na OSC. As ações de conscientização e prevenção são realizadas por 65% das OSC. A distribuição de alimentos e outros produtos apenas para as famílias já atendidas foram apontadas por 45% delas.
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Impactos gerados pela pandemia no público atendido e na comunidade

Conhecer a forma como a pandemia impactou no seu público atendido e em sua comunidade é essencial para que as OSC possam redirecionar seus esforços e investimentos em ações que atendam diretamente a essas demandas. Para 89% das OSC respondentes o principal impacto gerado pela pandemia é a diminuição da renda da população, seguida por desemprego (80%) e falta de acesso à alimentação (70%).

Outra questão relevante é relacionada a saúde mental das pessoas neste momento de pandemia, representado aqui por 56% das OSC que apontaram o aumento de casos de depressão como um dos grandes problemas enfrentados pela população em vulnerabilidade.

Outra grave situação de agravamento de violação de direitos provocada pela pandemia é o aumento de situações de violência intrafamiliar, apontada por 35% das OSC respondentes.
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Divulgação de informações à comunidade

O acesso à informação é uma forma valorosa de prevenção e cuidado consigo, com as pessoas próximas e com a comunidade em geral.
91%
das OSC disseram que realizam a divulgação de informações e benefícios aos quais a população tem direito.

Impacto da Pandemia na sustentabilidade econômica da OSC

A pesquisa revela ainda que, diante do cenário da pandemia, as OSC também tiveram impactos que atingem inteiramente a sua sustentabilidade financeira, uma vez que, diante da crise, parte dos doadores cessaram suas contribuições. Em contrapartida há uma estabilidade na entrada de algumas receitas, conforme apontados nos gráficos abaixo.

Captação de recursos

Segundo a pesquisa, 52% das OSC informaram que as doações individuais diminuíram, bem como para 55% das OSC a captação de recursos próprios, como bazares, eventos, aluguéis, também teve uma drástica redução.
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A pesquisa apontou ainda que a estabilidade na captação de recursos está, principalmente, vinculada aos termos de colaboração com poder público e recursos de fundos municipais para 92% das OSC. Para 47% delas houve estabilidade também na captação de recursos de outros financiadores, como fundações e organismos internacionais.
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Continuidade do atendimento
pelas OSC

O cenário de continuidade do atendimento pelas OSC é repleto de incertezas: 33% delas responderam que ainda não sabem por quantos meses terão recursos para operar sem diminuição do número de atendimentos e atividades ofertadas e sem demissão de pessoal.

Enquanto que 58% ainda não sabem dizer por quantos meses terão recursos para operar mesmo com diminuição do número de atendimentos e atividades ofertadas e com demissão de pessoal.
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Necessidades internas e externas da OSC para lidar com a pandemia

A pesquisa nos trouxe uma avaliação, pelo olhar das OSC, do que seria necessário externamente para que pudessem lidar com os efeitos da pandemia. Para a grande maioria, 74% delas, recursos para atendimento das famílias impactadas pela pandemia seria a maior necessidade, seguido por 68% que apontam a necessidade de recursos para manter os custos operacionais e flexibilidade dos financiadores para uso dos recursos. Para 65% delas, há a necessidade de um maior engajamento social para apoio das ações da OSC.
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E quando questionadas sobre o que seria necessário internamente para lidar com os efeitos da pandemia, novamente a questão financeira teve o maior destaque. Para 73% das OSC, um plano financeiro interno e de captação de recursos será essencial para passar por essa crise. Seguido de revisão de planejamento estratégico (56%), capacitação da equipe para trabalho com ferramentas digitais (52%) e o trabalho em rede na colaboração com outras OSC (42%).
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Perspectivas Pós-pandemia

A pesquisa também abordou as expectativas e planejamentos das OSC no pós-pandemia. Ter uma previsão de como a OSC terá que se reorganizar para o atendimento é essencial para organizar seu planejamento e próximos passos.

Demandas das OSC pós-pandemia

Do total de organizações respondentes, 57% relatou que haverá aumento (entre aumento significativo e relativo) pela demanda de serviços. Este cenário possivelmente será causado pelo aumento das vulnerabilidades sociais, extrema pobreza, violência, demandas no que tange à área de saúde devido ao não atendimento no período pandêmico, entre outros.
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Necessidade de adaptações e alterações até final de 2020

Para 87% das OSC as mudanças e adaptações nas atividades serão necessárias, mesmo pós-pandemia, sendo que a maioria, 57%, relatou que serão grandes mudanças. As mudanças a que se referem são adequações para seguir os protocolos estabelecidos pela vigilância sanitária do município, adequação do quadro de funcionários e alteração nas atividades para evitar aglomerações e contatos, além do tipo de atividade que a OSC executa, frente aos desafios impostos, como já citado: aumento de vulnerabilidade, extrema pobreza, fila para realização de procedimentos e serviços pela população.
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Risco de encerramento das atividades

Um dos questionamentos da pesquisa foi em relação aos riscos reais de encerramento definitivo das atividades das OSC a curto e médio prazo (entre 6 e 12 meses), por falta de recursos e apoio: 6% já apresentou que há riscos de fechamento, o que indica que já estão sendo afetadas, em especial financeiramente. Já 58% delas relatou que alguns projetos e atividades serão descontinuados, mas a OSC seguirá funcionando, com outras propostas de atividades e ações, num formato diferenciado.
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Cenário caso haja encerramento das atividades das OSC

Quando questionado sobre o que poderia ocorrer com o público com o qual trabalham, caso as atividades da OSC fossem encerradas, apenas 23% informou que não há possibilidade de encerramento, enquanto 48% informou que o público ficará desassistido e 18% haverá aumento da vulnerabilidade social.
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a pesquisa completa.

ficha técnica

Programa de Acolhimento Afetivo:
Ana Lídia M. Puccini

Programa Mobilização para Autonomia:
Regiane Fayan

Programa Qualificação da Gestão de OSC:
Nathália Garcia

Apoio Núcleo de Inteligência Social:
Joyce Setubal
Thainá Oliveira

Apoio Técnico Estatístico:
Priscila Negreiro

Superintendência Socioeducativa:
Jair Resende